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Uma leitura, uma partilha de opinião.


“Uma leitura, uma partilha de opinião” é um espaço de partilha entre voluntários e voluntárias da ATLAS. Aqui descobrimos o que andam a ler, quais as suas reflexões e sentimentos. Estão todos e todas convidadas a deixar comentários ao artigo no fim desta página!


Durante a queda aprendi a voar

Comentário de Fernanda Castela
Voluntária do Atlas desde a sua fundação. Adora ler, jardinar e música clássica. Colaboradora na Faculdade de Medicina da UC. Tem 62 anos, casada, 2 filhos, 4 netos e vive em Cernache.

A minha sugestão de leitura vai para um livro que li há uns tempos e que me ficou na memória pela simplicidade como está escrito e pela forma como o autor trata do tema depressão, com tanta leveza, sem sequer fazer drama disso.

Quando começamos a ler, achamos que é uma historia de amor e efetivamente é, mas à medida que vamos avançando na leitura verificamos que se trata de amor das várias formas de existir: paternal, filial, amor ao próximo e principalmente na entrega ao outro.

É na dedicação incondicional do pai e na reciprocidade do amor filial que este livro nos mostra que por amor se consegue ultrapassar tantos obstáculos.

É também da dedicação e na cumplicidade entre irmãos e como um irmão se anula para se dedicar ao outro, tanto fazendo-se passar por jovem rapazinho, ou se transformando em adulto e lhe dá ordens como de um pai se tratasse. Ao mesmo tempo é aflitivo ver a quantidade de “sombras” que o nosso cérebro consegue criar, como podemos e devemos tratar.

No livro em causa foi uma depressão muito bem acompanhada tanto profissional como familiar. E não deveria ser assim na ficção e na vida real?
Mas é igualmente bom de ler, a parte em que mais uma vez o autor nos leva a pensar o quanto nos faz bem a entrega ao outro e a maioria das vezes, é muito mais o que recebemos do que temos que dar.

O facto de tentarmos perceber as dificuldades dos que nos rodeiam, faz-nos pensar que lhe devíamos dar muito mais valor. Foi o que aconteceu também com o Duarte que ao ajudar alguém que nem sequer conhecia recebeu o seu sorriso, algo que já estava esquecido.

Este raciocínio leva-me a pensar nos nossos “Velhos Amigos”.

Muitas vezes quando vou visitar, penso se seria capaz de estar há um ano fechada entre quatro paredes, como se costuma dizer, entregue simplesmente a uma televisão e às pessoas que pontualmente os visitam. E, no entanto, lá estão eles com um sorriso à nossa espera ficando felizes com tão pouco. É tão fácil fazê-los felizes.

Mas voltando ao livro e como o melhor vem sempre no fim, foi exatamente o final que me surpreendeu.

O livro que acabo de descrever trata-se de “Durante a queda aprendi a voar” de Raul Minh’Alma

Durante a queda aprendi a voar
Raul Minh’Alma

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