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Comunicação com o idoso


Comunicar com “a pessoa idosa” não é muito diferente de comunicar com “a pessoa jovem”.

Apesar de ser inegável que, com o avançar da idade, ocorrem alterações ao nível sensorial e motor que podem comprometer a eficácia da comunicação, a população idosa está longe de ser homogénea.

De entre as alterações mais frequentes causadas pelo envelhecimento, podem assinalar-se a diminuição da acuidade auditiva e visual, a diminuição da força muscular, as alterações da função respiratória, a perda de dentes e as alterações na memória e na atenção, como potenciais fatores de comprometimento da eficácia da comunicação. Contudo, cada pessoa envelhece de maneira singular e o pior erro é generalizar.

Assim, assumir que comunicar com uma pessoa idosa será, à partida, mais difícil, baseando-se apenas no fator idade, constitui um preconceito, que é importante desconstruir. A este tipo de preconceito, baseado na idade, chamamos idadismo (=ageism,na língua inglesa; para saber mais: stopidadismo.pt) e está mais presente na nossa cultura do que gostaríamos.

De facto, a comunicação, em qualquer que seja a idade, é um processo complexo, que exige um verdadeiro envolvimento entre os interlocutores.

É comum pensar-se que o aspeto mais importante da comunicação é a mensagem verbal (as palavras). Contudo, é seguro dizer que a essência da comunicação é revelada pela componente não-verbal da linguagem. Isto é, a mensagem que transmitimos é mais influenciada pela nossa postura corporal, pelos gestos, pelo contacto visual, ou pela sua ausência, pelo tom de voz que usamos e pela disponibilidade que demonstramos, do que pelas palavras que escolhemos.

Outra premissa comum e não menos errada é a de que comunicar significa falar. Em todo o processo de comunicação, escutar pode ser tão ou mais importante do que falar. Neste sentido, em muitas situações, comunicar eficazmente pode passar, sobretudo, por “estar presente” e escutar ativamente.

Assim, parece que a chave para uma comunicação eficaz reside, principalmente, na relação que se estabelece e na empatia que se tem para com o outro. A mesma empatia que permite estar atento a si e ao outro, às necessidades de ambos e às suas capacidades. Esta comunicação “centrada na pessoa” será tão mais eficaz, quanto maior a entrega e o envolvimento dos interlocutores.

No decorrer dos nossos dias, nem sempre é fácil dedicar todo este empenho a cada oportunidade comunicativa. Contudo, vale a pena tentar!

Autora
Joana Santos

Terapeuta da Fala, com mestrado na mesma área e especializações em perturbações neurológicas no adulto, ao nível da comunicação e da deglutição. Atualmente, exerce a sua profissão no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital da Universidade de Coimbra e é estudante do curso de doutoramento em Gerontologia e Geriatria da Universidade de Aveiro e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.

Comentários(2)

  1. REPLY
    Maria Santos diz

    Muitos parabéns! Concordo plenamente com o artigo e toda a descrição apresentada. 👏👏👏

  2. REPLY
    jaime Grosso da Silva diz

    Estás de parabéns Joana pelo artigo e o tema, muito interessante nos dias de hoje.
    Continua com teus objectivos, vais longe! felicidades.

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