Gosto de ditados populares e há dois que enquadram muito bem a Formação ao Longo da Vida: Nunca é tarde para aprender e Só custa começar. Durante a vida ativa, no decorrer das atividades profissionais, a formação é necessária para o desempenho de uma nova tarefa ou para conhecer um novo programa informático, por exemplo. Mas e depois? Depois de uma vida inteira a trabalhar… ir aprender?
Sim, a fase de vida da reforma tem tanto potencial!
A pessoa está mais disponível e pode investir o seu tempo no que já sabe que gosta e também em descobertas (com a tranquilidade de não ser avaliado, mas sim de propor a si próprio algo desafiante, que estimule as suas competências). As possibilidades de formação são muitas, a ver pela quantidade de Universidades Séniores no nosso país: workshops de pintura, de costura, de artesanato; aulas de História, de Línguas Estrangeiras, de Informática, de Instrumento Musical; etc..
Aprender algo novo fortalece a confiança nas nossas capacidades e isso reforça a nossa auto-estima. Esta experiência é ainda mais importante na fase de vida em que a pessoa pode sentir dúvida acerca das suas habilidades, porque já não as põe em prática no trabalho. Além disso, na ausência da rotina laboral, adquirem-se objetivos semanais ou mensais (como entregar uma pesquisa ou participar num concurso) que estruturam o dia-a-dia e estipulam compromissos agradáveis. Podemos ainda pensar do ponto de vista da ginástica que damos ao nosso cérebro: de cada vez que aprendemos algo novo são ativadas novas ligações entre os neurónios (esta ativação é um dos fatores de proteção contra o declínio do funcionamento mental).
Além destes benefícios, ainda há a mais-valia da formação ocorrer, quase sempre, no contexto de um grupo e a interação social que proporciona é fundamental para estabelecer ligações com outros e prevenir o isolamento social. Indo mais além, existem vários projetos em Universidades Séniores que promovem a interação com outras gerações (desde crianças do jardim-de-infância até aos estudantes do ensino superior).Neste formato, o estudante sénior ganha ainda reforço do seu papel na sociedade, é valorizado pelos seus saberes de experiência feitos.
Em Leiria, o Programa IPL60+, dinamizado pelo Instituto Politécnico de Leiria (IPL), é um excelente exemplo de intercâmbio com os jovens estudantes do ensino superior. Os alunos séniores frequentam unidades curriculares das licenciaturas, têm ao dispor unidades específicas do Programa 60+ (Inglês, TIC, Atividade Física) e podem ainda participar em projetos dinamizados no IPL como a rádio, o blogue, o jornal, a tuna. Quem diria? Participar na Tuna aos 70 anos! Viver e aprender!
Sofia Carruço
Psicóloga e Voluntária na Atlas – People Like Us
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