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A minha história com a Atlas- Quando a solidariedade se torna família


A minha história com a Atlas confunde-se com a própria Atlas, pois assisti não ao seu nascimento, mas aos primeiros movimentos, a que não podemos chamar ainda passos. Fiz parte do grupo que visitou os primeiros beneficiários na alta de Coimbra e que depois dividiu os voluntários por equipas e atribuiu os beneficiários por essas equipas. Participei nas reuniões iniciais, no apartamento da Rosário, e integrei os órgãos da ONG que estava a nascer. Ou seja, praticamente desde que há voluntariado na Atlas eu estou lá.

A minha entrada, neste movimento, aconteceu através de uma colega de trabalho que me falou do projeto cujo principal objetivo era atenuar a solidão e isolamento de alguns habitantes da alta de Coimbra. Este desiderato pareceu-me perfeito pois seria algo que podia cativar o meu marido que tinha particular interesse em conhecer as histórias e as vivências dos habitantes da alta de Coimbra. Assim, o voluntariado que a Atlas nos propunha revestia-se de um atrativo especial com o potencial de interessar e envolver a nossa família. O voluntariado deu-nos muitas oportunidades de partilhar momentos inesquecíveis, desde logo acompanhar beneficiários com a cadência da divisão do mês pela equipa, mas também outros momentos mais esporádicos, como a possibilidade de integrar um grupo a tocar e a cantar as janeiras pelas casas dos vários beneficiários, participar em filmagens, partilhar lanches e encontros, dividir operações de limpeza, conviver em almoços e jantares, assistir a galas e outras iniciativas que nos aproximaram e permitiram criar laços com os beneficiários e com os outros voluntários.

A palavra voluntário tem origem no latim e significa “de própria vontade”. Eu sinto que a ação da nossa família, com o suporte da Atlas ao longo destes muitos anos, foi sendo feita de forma tão livre, espontânea e sem obrigações que se funde com o nosso quotidiano. Aliás, as ações que realizamos, em nome da Atlas, deixaram de ser movidas pelo exercício de uma vontade expressa e consciente, para passarem a ser gestos automáticos que fazem parte do nosso dia-a-dia.

Estamos muito gratos à Atlas por nos dar esta oportunidade de integrar, na nossa vida, gestos de generosidade e altruísmo, em que foi possível transformar a tarefa de levar refeições a alguns beneficiários, no cuidado a mais um membro da família. Estes anos de voluntariado, na Atlas, alimentaram um sentimento de orgulhosa pertença a uma organização que tem um papel tão importante no alívio da solidão, na vida de muitos, com a presença, no mínimo semanal, de um rosto amigo e leal.

Autora: Célia Cravo

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